segunda-feira, 22 de setembro de 2008

ENTREVISTA PARA O SITE BOM LÍDER


Entrevista realizada por Ivan Cordeiro.
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Bom Líder - Como você caracteriza a espiritualidade evangélica brasileira?

Vivian Santana - Por entender espiritualidade como postura de vida e interação com o Eterno, vejo a Igreja Brasileira navegando em um mar de idéias e escolhas bem distante do que entendo ser práticas do Caminho. Seria muito doloroso afirmar que nosso país encontra-se longe daquilo que o Novo Testamento nos traz como meta e desafio...mas, contudo, seria verdadeiro. Como um povo fortemente marcado, em sua alma, por um sincretismo absurdo, percebo a Igreja evangélica do Brasil ( instituição ) como uma colcha de retalhos desejosa de aquecer os corações, mas, infelizmente, retalhos costurados uns aos outros não fazem o esperado: existe um Manto do Cordeiro, de lã puríssima, este, sim, aquece e acolhe. Buscam respostas e soluções imediatas. Querem a prosperidade em sua limitada e mesquinha condição do apenas ‘ter’. Desejam a posição de senhor e não de servos. Defendem seus saberes exegéticos como os únicos e, pior, anulantes de qualquer outro entender de Deus que os tenha precedido. Desejam a intimidade, mas rejeitam o ‘olhar dentro dos olhos’. Querem as mãos do Amado...não, a Face.

Bom Líder - Quais os efeitos de tal espiritualidade para a vida da igreja?

Vivian Santana - Falta de identidade. Não temos mais um rosto, uma língua, uma canção. Somos alma ambulante. Se ‘um camelô da fé’ grita mais alto e oferece menos dores, compramos uma dose de espiritualidade. Como conseqüência, dormimos um sono angustiado de quem não sabe se haverá sol ou garoa nos primeiros momentos do dia. “Que seja o que Deus quiser! ...e que Ele queira o melhor pra mim...”

Bom Líder - Quais são, na sua opinião, as principais marcas de uma espiritualidade cristocêntrica?

Vivian Santana - Sempre gostei de pensar nas marcas dos cravos como um ponto forte para minha identidade de fé. Todas as vezes que penso nelas, me angustio e me questiono. Não nos foi oferecido um evangelho fácil. Muitíssimo pelo contrário: foi-nos oferecido um evangelho de marcas sangrentas - nas mãos ( serviço ) e nos ombros ( posicionamento ). Se pretendo seguir a Cristo, devo buscar um serviço e um posicionamento marcados por consciente ENTREGA. O batismo humanístico que a Igreja se permitiu receber tirou de nós o foco da submissa doação. Se não sou servo, sou senhor. Se não busco serenamente confiar e descansar apenas na fé descrita tão intensamente pelo escritor aos Hebreus, dou a mim a chance de procurar por caminhos outros, respostas que não me satisfarão e, em conseqüência, abrirão espaços a atalhos que esvaziam minha condição espiritual. Torno-me um buscante de respostas, e não um vivenciador de fé. Gosto muito quando Tereza de Ávila em seu livro Castelo Interior e Morada nos desafia a ansiar por um encontro real com Sua Majestade, na Sala do Trono. Viver é percorrer os amplos e desafiadores espaços do castelo de nossa alma, até que a necessidade por esta intimidade submissa e plena nos norteie a caminhada de fé. Perceber-se servo de orelhas furadas em cada ‘por quê’ e em todos os ‘senões’, entender que a verdadeira espiritualidade reside na sala do Trono e em nenhum outro lugar...só lá...e apenas lá, alivia o fardo imposto pela morbidez de alma ( herança da Idade Média de que não nos libertamos) para apenas estar na presença Dele, aprendendo a viver Dele, Nele e para Ele.
Bom Líder - Porque nos distanciamos tanto dessa espiritualidade?
Vivian Santana - Porque nos deixamos levar pelos jardins do castelo, pelos amplos salões de festas, pelos apelos do coração humano. É muito glamoroso ser ‘porta-voz do Divino’, usando a expressão de Caio Fábio, ao ‘presentearmos’ o mundo com um relacionamento vazio de Entrega e recheado de misticismo servil. Ensina-se uma espiritualidade de barganha e domínio (aliás, nunca havia percebido como ‘domínio’ e ‘demônio’ são palavras tão parecidas). Prega-se um deus-servo, que gosta de ser bajulado. Não há espaço para um coração submisso e contrito, para a humildade do Mestre do jumentinho, para a preocupação com os publicanos empoleirados nas árvores, para o pão repartido, o leproso tocado, a prostituta acatada em sua dedicação ou uma estrangeira que espera migalhas. E por quê? Porque temos um Sinédrio pomposo a defender. E defendemos, nem que para isso levemos, novamente, um Jovem Galileu para um certo Monte...fora do arraial.

Bom Líder - Você acredita que é possível a igreja evangélica resgatar a espiritualidade cristocêntrica, contrariando dessa forma, Mateus 9.16,17?

Vivian Santana - Creio, sim, por isso dedico minha vida ao preparo de Profetas e Ministros de minha geração. E minha fé reside na certeza de que o vinho novo TEM odres novos...ah!...tem, sim !!!! Na verdadeira intimidade alcançada num dia-a-dia prazeroso na Sala do Trono ...tudo se faz novo... TUDO. Isso é GRAÇA!!!

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